sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Para começar,






Para começar, importa deixar claro que a eliminação da sedução e da teatralidade dos discursos, para fora dos discursos, reduz o conteúdo ao somenos. E não raras vezes fica apenas forma, porque, afinal, não havia conteúdo.

Liquidando a forma, apanágio do exibicionismo, liquidamos discursos inteiros. Ouvimos os silvos do seu mirrar. Recebemos os protestos dos seus agentes, agonizando, reclamando legitimação, esperando poder beber para sempre das prerrogativas das massas em rebelião.

Muito enternecedor, e muito pirotécnico. Pois sim. Muito sedutora, a treta de tábua rasa que concepções tacanhas construíram. É que, na verdade, queriam construir um pombal, como é desejo secreto do columbófilo.

À noite, em furiosos becos, largando a transbordante assertividade como um saltimbanco que pousa dos malabarismos para se dedicar à fornicação da variação mais imunda, eles apropriam-se das ruas, dos espaços sensíveis, vorazes. Nenhum artefacto está a salvo, e a integridade consegue-se apenas à custa de se ser consumido como lixo urbano, ironia semântica e material, pois pensava que o sufixo "urbano" colocarava os elementos no plano da tolerância, isto é, diplomaticamente imunes.

"A oeste, nada de novo". Pois.








E já agora: tu sabes que eu não estou a falar de ti. E tu sabes quem "tu" és. Os outros, o enorme "melhor bolo de chocolate do mundo" de pseudo-intelectuais, que vão à merda, ou comam a merda do bolo e calem-se, porque não se fala de boca cheia, sobretudo se for com a boca cheia de merda.